sábado, 25 de fevereiro de 2012

A estrada

já caminhas pela eternidade e os teus pés já estão em carne viva. atrás de ti nada deixas a não ser um rasto espesso de sangue e pedaços de carne. a estrada ultrapassa o além, os limites da possibilidade de visionar um fim, caminhas mas não sabes por onde vais. a tua pele queimada pelo sol, é a inalação perfeita para os selvagens que te perseguem. e eles saboreiam no interior da sua mente aquilo que eu um dia já saboriei de satisfação. o pânico instala-se em ti. ao longe, vês-me. com uma esperança de um louco desesperado, corres. E ao correr desfazes-te ainda mais rápido, mas não queres saber. Lá, está a tua possível salvação. Vês que a efémera miragem se torna realidade. Ainda de longe, e já te sinto dentro de mim. O ardor e a dor, o cheiro. E esses teus olhos, que pretendem brotar uma lágrima, esses teus olhos secos e rudes, tentam convencer-me. Mas falta-te a maldade. Em ti, no teu todo. Se fosse a maldade, agarraria a tua mão comida pelos vermes. Mas não há maldade. Há amor. E deixo-te, caído. Premaneces assim já sabendo o teu fim. E sol queima-te ainda mais, e os selvagens aproximam-se, e a tua voz some no meio dos sons daqueles que te comem. E eu? Eu rio-me e aplaudo pela magnificência deste estrondoso espectáculo.


foste aquele que mais desejei.

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